O impacto iminente das altas temperaturas e a perspectiva de escassez de chuvas nos próximos meses estão sendo apontados como fatores cruciais que podem influenciar diretamente nas contas de luz dos brasileiros, conforme dados divulgados pela Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace).

De acordo com o levantamento, a previsão é de um aumento significativo na conta de luz para o ano de 2024, variando entre 6,58% e 10,41%, dependendo do tamanho dos subsídios concedidos no próximo ano. Em novembro, a demanda por energia atingiu recordes, impulsionada pela necessidade de alívio nas ondas de calor, especialmente devido ao uso generalizado de ar-condicionado pela população.

Embora grande parte do consumo seja suprido por fontes hidrelétricas, que atualmente contam com reservatórios quase cheios, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) teve que aumentar a capacidade para atender a picos de demanda e evitar possíveis blecautes, resultando em pressão adicional sobre as tarifas de energia.

A possibilidade de novas ondas de calor, tanto neste mês quanto ao longo do verão, é destacada pelo portal  Climatempo. O ONS prevê um aumento nas cargas para dezembro, com taxas de crescimento mais expressivas nas regiões Nordeste (15,2%), Sul (14,85%) e Sudeste/Centro-Oeste (12,5%).

Para 2024, a previsão conjunta elaborada pelo ONS, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aponta um crescimento de 3,5% na carga de energia no Brasil. Gabriel Bassoto, analista-chefe de ações do Simpla Club, destaca que a demanda crescente inevitavelmente resultará em um aumento nos preços da energia.

O fenômeno El Niño também tem impacto, projetando afluências abaixo da média histórica para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte, enquanto o Sul apresenta afluências acima da média. Mesmo com reservatórios nas usinas do Sudeste/Centro-Oeste atingindo 64,6%, um pouco acima do previsto, a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, enfatiza que o preço final da energia não depende apenas do nível dos reservatórios.

A análise da formação do preço inclui fatores como distribuição e transmissão, que obedecem a dinâmicas e tarifas regionais. Victor iOcca, diretor de Energia Elétrica da Abrace, aponta o crescimento contínuo dos custos das políticas públicas de subsídios como um dos principais motivos para o aumento tarifário, destacando a expressiva despesa com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e os investimentos recordes em transmissão, que podem impactar significativamente as tarifas no futuro.

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